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A vida tem sabor agridoce

“Sentindo o agridoce (ainda que o mais forte agora seja o amargo).” – twitter: @nandafotografia

Essa foi a frase da minha manhã de 16 de junho de 2010. E foi também deste jeito que senti no meio da tarde do meu aniversário, dia 19 de janeiro de 2010.

Agridoce. Palavra formada por agri+doce; Simultaneamente agor e doce. Ou variação: agro-doce. Que causa prazer misturado de amargura. Gosto ou sabor a um tempo doce e amargo.

Ainda que algo que seja tão amargo, há sempre um doce pra você brilhar os olhos.

Jamais viveremos – pelo menos aqui na Terra- em puro doce. Mesmo que façamos tudo, desprendendo do que for necessário para não nos aborrecermos com nada, o mundo ainda continuará injusto, o amor se esfriando, e ainda existirá a acidez no mundo.

Ainda veremos choro, desigualdade, pessoas ruins se dando bem e pessoas boas se dando mal – ou tendo/sendo menos do que pareciam merecer. E veremos doenças que destroem a saúde e vida como AIDS, câncer… e catástrofes naturais pelo menos 1 vez por ano.

E mesmo se tentarmos anular o que é acido, ou o que é amargo, não se tornará doce. Pode se tornar sem sal, desinteressante, sem emoção, sem vida!

Mas podemos viver pequenos prazeres do nosso dia,  viver na contramão do mundo.

Dirigir no trânsito pode ser estressante, mas ao ouvir uma música que tenha marcado uma época legal da vida pode ser um momento agradável – mesmo estando parado na Marginal Pinheiros; tomar café sem açúcar pra poder combinar com chocolate; morango com chantilly;

Acordar cedo pra aproveitar mais o dia, dormir de madrugada pra por os papos em dia com os amigos; doer, doer, mas o filho nascer!

Trânsito com boa música... agridoce!

É, o sabor agridoce é assim. Tem o doce, com o fundinho do amargo, o amargo com um restinho de doce.

Choramos por algo e no mesmo dia conseguimos nos alegrar por outro motivo, mesmo sem ter resolvido o que nos faz chorar.

Tem como olharmos a metade do copo cheio – e sem precisar usar um óculos cor de rosa.

Depende só de como vemos as coisas ou de quais são nossos valores.

Salomão foi o maior amante, mais rico, mais sábio. E ele mesmo percebeu que se nós não desejarmos aquilo que temos – e sim só o que não temos – nunca vivemos numa boa. Porque SEMPRE vai faltar mais. Não que não vamos sonhar e planejar, mas precisamos nos alegrar com o que temos para poder VIVER o que conquistamos. Nos satisfazer com o que possuímos é realmente um grande tesouro que podemos cultivar.

Outra grande armadilha, é ficar vivendo no passado. O passado já apresenta um resultado hoje, e acabamos ficando impacientes com o presente (já que este ainda não foi consumado de fato). Então, fica mais fácil olhar pra trás e dizer que aqueles dias eram melhores. Assim, a vida fica muito mais amarga do que doce. O futuro será sempre incerto e no máximo suas decisões podem influenciá-lo, mas não escrevê-lo.

Enfim, são os paradoxos da vida.

A virtude está ligada ao sacríficio e nada tem de sedutora, mas nos leva ao gosto doce no final das contas.
Para nascer de novo, primeiro eu tenho que morrer. Para encontrar a vida, primeiro preciso perdê-la. Só posso ser forte quando sou fraco. Não existe honra sem antes a humilhação.

Existe apenas um lugar que foge do caos, do amargo, do ácido. Um lugar onde leveza, doçura, afeto fazem parte. Onde não há choro, tristeza, más lembranças. O tempo não existe, a pressão acabou. A alegria é contínua e o caos é ausente.

Mas até este dia chegar, o dia perfeito, temos que aprender a lidar com o sabor agridoce da vida.
Eu realmente anseio pelo dia perfeito, mas quero viver melhor o meu agridoce aqui na Terra, e sempre curtindo a doce presença de Deus que faz o meu amargo ficar pequenininho quando me jogo nos braços Dele!

Boa degustação!

Agradecimento: Tropical – pela palavra no final do dia do meu aniversário, no portão de casa falando do agridoce.
Sugestão: leia o livro do Ed Rene Kivitz – “o livro mais mal-humorado da biblia”